Quiet quitting: O que é, por que acontece e como evitar

14 maio 2024

Quiet Quitting é um comportamento observado recentemente em colaboradores de empresas ao redor do mundo e que vem desafiando empreendedores e lideranças. Ele pode indicar, entre vários elementos, a perda de motivação e engajamento nas equipes — algo que é um sinal vermelho para o RH.

Entenda melhor sobre o fenômeno da “Demissão Silenciosa” e descubra como promover um ambiente de trabalho mais saudável e funcionários mais felizes na sua organização!

O que é Quiet Quitting (Demissão Silenciosa)? 

O termo Quiet Quitting surgiu a pouco tempo e já vem causando diversas discussões no mundo corporativo. Esse fenômeno se trata de uma mudança no comportamento dos funcionários e vem sendo observado como tendência no exterior, desafiando lideranças de diferentes segmentos e portes de negócio. 

Apesar da tradução literal do termo ser “Demissão Silenciosa”, quem pratica o Quiet Quitting não tem o desejo consciente de sair da empresa, mas sim acaba adotando uma postura que é uma espécie de “desistência”: o funcionário realiza as tarefas delimitadas no seu contrato de trabalho — nada a mais, nada a menos. 

Essa conduta acaba sendo um movimento contrário ao “workaholic” ou a mentalidade do “trabalhe enquanto eles dormem”. O colaborador realiza suas tarefas, sim, porém não tem uma postura mais proativa ou de engajamento com a organização. Assim, não descumpre as normas ou obrigações trabalhistas que tem. 

Especialistas apontam que este comportamento ocorre principalmente devido à busca por maior equilíbrio entre a vida profissional e pessoal. Os indivíduos não desejam “viver apenas para trabalhar” ou deixar de lado outros âmbitos de sua realidade, como família, lazer, sonhos. Nesse sentido, acabam reduzindo os esforços no trabalho para direcioná-los a outros campos. 

Alguns apontam que o contexto da pandemia de Covid-19 influenciou esse fenômeno ao gerar uma situação em que as pessoas se viram diante de um cenário de instabilidade e até risco de morte — fazendo-as reavaliar suas prioridades e a forma com que lidavam com sua saúde mental. Estudos indicam um aumento nos níveis de depressão e ansiedade no mundo após o período mais crítico da crise, o que indiretamente também impactou na relação dos indivíduos com seu trabalho.  

Nesse sentido, as lideranças têm o desafio de motivar e reter os talentos na empresa, estimulando-os para que sejam produtivos e atuem com qualidade e proatividade — mas que também alcancem o objetivo de ter uma vida mais equilibrada e saudável. 

Toda empresa deseja ter profissionais proativos, eficientes e talentosos. Entretanto, essa postura não deve ocorrer em detrimento da saúde e bem-estar das pessoas. 

O equilíbrio entre trabalho e vida pessoal é algo benéfico tanto para empresas quanto para funcionários. Profissionais saudáveis e felizes ajudam a criar um ambiente mais positivo, além de mais produtivo, eficiente e inovador. 

Além disso, o Quiet Quitting acaba sendo um desperdício dos talentos: tantas competências e conhecimentos deixam de ser aproveitados pelos colaboradores ao ficarem escondidas durante o cumprimento das tarefas tradicionais. Quantos funcionários seriam ótimas lideranças ou então desempenhavam outras funções estratégicas se houvesse um investimento — de todos os lados — para esse fim?

Assim, esse fenômeno começou a se demonstrar um desafio para negócios de todos os portes e segmentos. 

Quais são as causas do quiet quitting?

O "quiet quitting", ou saída silenciosa, refere-se ao fenômeno em que os funcionários deixam seus empregos sem dar aviso prévio ou sem causar alarde. Existem várias razões que podem levar alguém a sair de forma silenciosa:

Insatisfação no trabalho

Quando os funcionários estão descontentes com seu trabalho, cultura organizacional ou ambiente de trabalho, eles podem optar por sair silenciosamente para evitar confrontos ou discussões.

Falta de confiança na gestão

Se os funcionários sentirem que a gestão não está lidando com questões importantes, ou se não confiam na confidencialidade de suas preocupações, podem optar por sair discretamente em vez de levantar questões.

Oportunidade melhor

Às vezes, os funcionários recebem uma oferta de emprego melhor e decidem sair sem dar aviso prévio porque acreditam que é uma oportunidade que não podem perder.

Burnout

O esgotamento no trabalho pode levar os funcionários a decidirem sair sem aviso prévio, especialmente se sentirem que não têm outra escolha para cuidar de sua saúde mental e bem-estar.

Conflitos interpessoais

Se os funcionários estão enfrentando conflitos com colegas de trabalho ou superiores e sentem que não há uma resolução adequada disponível, podem optar por sair silenciosamente para evitar mais estresse ou confronto.

Problemas pessoais

Às vezes, razões pessoais, como problemas familiares ou de saúde, podem levar os funcionários a sair do emprego sem dar aviso prévio.

Como você leu, o "quiet quitting" pode ser resultado de uma variedade de fatores, incluindo insatisfação no trabalho, falta de confiança na gestão, oportunidades melhores em outro lugar, burnout, conflitos interpessoais ou problemas pessoais.

Como ele pode ser evitado?

Evitar o "quiet quitting" envolve uma abordagem proativa por parte dos empregadores para criar um ambiente de trabalho saudável e aberto, onde os funcionários se sintam valorizados, ouvidos e respeitados. Aqui estão algumas estratégias que podem ajudar a mitigar esse fenômeno:

Crie uma cultura de feedback aberto

Estabeleça canais de comunicação claros para que os funcionários se sintam à vontade para expressar preocupações, sugestões e feedback construtivo. Isso pode incluir reuniões regulares one-on-one, pesquisas de engajamento, caixas de sugestões ou plataformas online para feedback anônimo.

Promova um ambiente de trabalho saudável

Priorize o bem-estar dos funcionários, incentivando o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, oferecendo recursos de apoio emocional, e promovendo uma cultura de respeito e inclusão.

Ofereça oportunidades de desenvolvimento profissional

Demonstre interesse no crescimento e progressão dos funcionários, fornecendo oportunidades de treinamento, mentorias e promoções internas. Isso mostra que a empresa valoriza o crescimento e o desenvolvimento de seus colaboradores.

Esteja atento aos sinais de desengajamento

Esteja atento a sinais de desengajamento, como queda no desempenho, aumento do absenteísmo, ou mudanças de comportamento. Realize check-ins regulares para entender as preocupações dos funcionários e agir proativamente para resolver problemas.

Crie um plano de sucessão

Desenvolva um plano de sucessão para garantir que a transição de funcionários seja suave e que o conhecimento e as responsabilidades críticas não se percam quando alguém decidir sair. Isso também pode ajudar a identificar lacunas de habilidades e oportunidades de desenvolvimento para os funcionários existentes.

Conduza entrevistas de saída

Realize entrevistas de saída para entender as razões pelas quais os funcionários estão deixando a empresa. Isso pode fornecer insights valiosos sobre áreas de melhoria e ajudar a prevenir o "quiet quitting" no futuro.

Ao adotar essas medidas, as empresas podem criar um ambiente de trabalho mais saudável, onde os funcionários se sintam mais engajados, valorizados e menos propensos a sair silenciosamente.

Como lidar com o Quiet Quitting? 

A “Demissão Silenciosa” é um fenômeno que as empresas devem estar atentas. No fim, este tipo de comportamento pode representar perdas na produtividade, qualidade e no clima interno. Por isso, é importante que os RHs monitorem e ajam quando se detecta essa postura dentro da organização. 

Nesse sentido, há algumas estratégias que podem ser adotadas para atenuar o Quiet Quitting na organização: 

1- Fazer um diagnóstico

Antes de mais nada é importante investigar o problema: não dá para intervir em algo que nem se sabe o porquê de acontecer. Nesse caso, as lideranças e RH devem tentar se conectar com os funcionários para entender se há pontos que eles consideram negativos na empresa em si, seus valores, rotina diária e até mesmo na conduta dos gestores.

Conversas individuais, questionários e avaliações de desempenho são ferramentas que podem ajudar a fazer um diagnóstico sobre as lacunas e problemas na dinâmica interna e que, por sua vez, acabam influenciando no comportamento dos funcionários. 

2- Oferecer benefícios

Que pessoa não gosta de receber algo a mais? Como forma de estímulo, uma empresa pode oferecer um aumento de salário, participação nos lucros ou adicional por produtividade para incentivar a mudança de comportamento ou dar mais condições financeiras aos seus profissionais.

Já os benefícios corporativos podem ajudar no bem-estar dos trabalhadores e no equilíbrio de suas vidas particulares e na companhia, especialmente no caso de benefícios como vale academia, auxílio psicológico, vale creche, bolsa de estudos, entre outros. 

Nesse sentido, também é possível oferecer maior flexibilidade nos horários, carga e modelo de trabalho (como híbrido ou home office) para que os colaboradores organizem seus compromissos, momentos de lazer e prioridades pessoais com maior tranquilidade. 

3- Plano de carreira

Outro estímulo que pode incentivar a equipe é desenvolver um plano de carreira na organização. Essa possibilidade ajuda os profissionais a enxergarem um futuro na empresa — algo que para algumas pessoas é fundamental em um emprego. 

Além disso, se bem feito, um plano de carreira é um mecanismo transparente e eficiente para motivar os funcionários a buscarem aprimoramento e, dessa forma, gerar mais resultados para o negócio. 

4- Clima interno

Algumas vezes o problema maior não está nos benefícios ou remuneração que o colaborador recebe — está na dinâmica interna. Excesso de cobranças, conflitos constantes, competição exacerbada, colegas problemáticos, liderança tóxica, são vários os motivos que tornam um ambiente de trabalho desmotivador.

Identificar os problemas no clima interno e resolvê-los pode ser desafiador, mas irá gerar diversos impactos positivos na equipe inteira: e um deles é melhorar o engajamento interno. 

5- Investir em lideranças positivas

A verdade é que os gestores têm um papel importante na relação da empresa com seus funcionários. São eles que motivam, escutam, organizam as demandas e engajam os colaboradores — assim como muitos acabam se tornando a principal motivação para pedidos de demissão. 

Ter líderes competentes, tanto em suas habilidades técnicas quanto sociais, é fundamental para se criar e manter um ambiente de trabalho saudável. E, para isso, é importante investir em capacitações e aprimoramentos para estes gestores. 


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Como lidar com o Quiet Quitting? 

Algumas estratégias que podem ser adotadas para atenuar o Quiet Quitting na organização: 
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