O mundo do trabalho passou por diversas transformações nas últimas décadas. Conceitos como automatização, profissionais multitarefas,
big data, entre outras inovações, vêm sendo implementados nas empresas, para aumentar a produtividade, otimizar processos e até mesmo tornar os colaboradores mais
engajados e felizes no serviço. Entre essas estratégias, está o job crafting.
Descubra agora o que o conceito de job crafting pode fazer para sua organização e saiba como implementar essa estratégia para motivar seus colaboradores!
O que é Job Crafting?
Basicamente, job crafting é a postura do colaborador de transformar seu próprio trabalho para que ele se alinhe mais aos seus valores e propósitos, dando assim novos sentidos às suas funções. Esse conceito permite com que o funcionário sinta maior controle sobre seu serviço, crie uma maior ligação afetiva com seu emprego e, desta forma, esteja mais engajado na empresa e traga melhores resultados.
Assim, com o job crafting não é necessário mudar a função do empregado para torná-lo mais
motivado e produtivo. Mas sim estimular que ele mude sua percepção e “personalize” alguns aspectos de seu trabalho, para que se sinta parte de algo maior, algo que realmente reflita realmente seus valores e não seja apenas uma obrigação, algo para fazer apenas pelo dinheiro.
O termo surgiu com o estudo de Jane Dutton e Amy Wrzesniewski, que analisavam profissões que eram consideradas desvalorizadas. Elas acabaram descobrindo que alguns trabalhadores transformavam suas próprias funções para dar novos sentidos ao seu serviço.
A pesquisa teve como foco um grupo de profissionais de limpeza de um hospital, verificando suas impressões a respeito do seu trabalho. Foi verificado a existência de dois grupos:
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A) Profissionais que não tinham conexão afetiva com o emprego, realizando-o apenas pelo retorno financeiro. Eles não buscavam fortalecer os relacionamentos internos e não tinham satisfação com o trabalho.
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B) Profissionais que entendiam seu serviço como algo importante, com significado.
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Esse segundo grupo se considerava parte do processo de cura dos pacientes do hospital. Por isso realizavam pequenas ações para ajudar os doentes e suas famílias - ao mesmo tempo que realizavam suas tarefas diárias. Essa postura partiu dos próprios profissionais e permitia que encontrassem significado em seu trabalho, formando conexões e os engajando ainda mais no emprego.
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Alguns ex-alunos de Dutton e a professora começaram a desenvolver formas de aplicar esse conceito nas empresas, criando ferramentas e métodos para tornar os funcionários mais felizes e, consequentemente, mais produtivos e eficientes.
Benefícios do Job Crafting para as empresas
Essa
postura proativa em relação ao seu próprio trabalho é algo que traz diversas vantagens para as organizações. Quando o funcionário sente que está fazendo algo com sentido, ele se esforça mais em suas tarefas, não se prende às delimitações de sua função - e sim começa a pensar em como pode contribuir para a empresa como um todo -, e se torna mais produtivo e comprometido.
Um colaborador feliz cria uma conexão afetiva com seu trabalho e, assim, se engaja com a organização, se sente livre para atuar com maior criatividade, traz uma nova visão aos processos e produz mais e com melhor qualidade.
Tudo isso parece muito bom, não é mesmo? Sentir que está em um trabalho gratificante e em concordância com sua visão de mundo é algo ainda mais importante para os funcionários do que possa parecer.
O portal Love Mondays fez um levantamento em Novembro de 2018 revelando que
70% dos profissionais brasileiros desejam mudar de emprego. O maior motivo para isso? Querem encontrar um trabalho mais alinhado ao seu propósito de vida, o que foi respondido por 29,6% dos entrevistados (estando na frente de justificativas como falta de oportunidade de crescimento, 28,9%, e remuneração considerada inferior às expectativas, 24,6%).
Imagine só 70% dos seus colaboradores desejando sair da sua empresa? A maioria por conta de motivos que você pode interferir! Atuar nessas situações significa reduzir os prejuízos financeiros, produtivos e intelectuais que são gerados pelo
turnover, manter os talentos na sua organização e evitar que vão para a concorrência.
Criar mais oportunidades e considerar um aumento no salário (ou benefícios) dos colaboradores são ações que a diretoria e
RH podem fazer para segurar os talentos na empresa e torná-los mais felizes com seu emprego.
Enquanto o propósito pode ser algo mais subjetivo, as empresas podem ajudar nesse processo de Job Crafting e, desta forma, incentivar o funcionário a ver como seu emprego pode se alinhar aos valores pessoais e se sentir mais satisfeito com seu trabalho.
O que a empresa pode fazer para estimular o Job Crafting?
As organizações podem ter um papel fundamental para estimular o Job Crafting de seus funcionários. Primeiro, é preciso lembrar que ninguém é uma ilha: as atitudes tomadas pelos profissionais devem estar de acordo com a equipe e seu funcionamento. Por isso a empresa deve se atentar a alinhar as práticas de cada empregado para que o trabalho de todos flua perfeitamente.
Segundo, existem 3 pilares que fundamentam o Job Crafting, criando um exercício que as empresas podem realizar com seus colaboradores.
1) Task Crafting: é a transformação das atividades cotidianas. Isso pode ser aplicado no volume de tarefas, escopo ou na maneira como são realizadas, adotando novas
tecnologias e reavaliando as funções para saber o que é necessário e aquilo que pode ser redefinido. O funcionário poderá assumir novos serviços que não estavam previstos, mas que são de seu interesse, por exemplo.
2) Relation Crafting: é a transformação nas relações entre os colaboradores. Esse pilar avalia as interações e relacionamentos que o funcionário mantém com seus colegas e com a própria empresa. Criar um programa de mentoria, por exemplo, é uma forma de desenvolver uma conexão entre gerações diferentes - o que poderá aumentar o engajamento e troca de conhecimento entre os profissionais.
3) Cognitive Crafting: é a transformação da percepção e significado que o colaborador tem de seu trabalho. Essa etapa ajuda o profissional a entender como sua atividade faz a diferença no todo. Como no caso da pesquisa de Dutton e Wrzesniewski, os funcionários de limpeza do hospital viam seu serviço como parte do processo de cura dos pacientes - e não consideravam apenas sua responsabilidade operacional.
O RH da sua empresa pode realizar exercícios usando esses 3 pilares, despertando assim a mudança e proatividade nos colaboradores. A organização ainda deve considerar que esse estilo tem que ser acompanhado por uma estrutura de trabalho mais flexível e uma gestão mais horizontal - o que ajudará no sucesso da estratégia.
Uma forma de fortalecer o engajamento e a mudança de comportamento dos colaboradores é implementar estratégias inovadoras como a
gamificação. Essa metodologia considera estudos de áreas como psicologia, antropologia, neurociência e aprendizado para transformar tarefas monótonas ou pouco motivadoras em experiências interativas e imersivas. Tudo isso adotando o lado lúdico dos jogos para incentivar a realização dessas atividades e o alcance de objetivos concretos. Assim, o funcionário poderá ter uma nova percepção a respeito de seu trabalho e transformar sua postura profissional.
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